A indissociabilidade entre ciência e política

No dia 20 de julho de 2019 completam 50 anos da chegada da Apollo 11, quando o primeiro módulo lunar tripulado por astronautas pousou na superfície da Lua. A missão contava com os tripulantes Neil Armstrong e Buzz Aldrin, os dois primeiros homens a pisar na Lua, e Michael Collins, piloto do módulo de comando e serviço. Foi Neil Armstrong que pronunciou a famosa frase ”É um pequeno passo para um homem, um grande salto para a Humanidade”. Esse é um dos grandes marcos científicos na história da humanidade que se deve em grande parte à vontade de alcançar novos horizontes. Porém, por trás de tudo, grandes motivos políticos despertaram a necessidade de se alcançar esse feito.

Após o término da Segunda Guerra Mundial, as duas grandes potências vencedoras do conflito, Estados Unidos da América (EUA) e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), começaram disputas estratégicas nas suas zonas de influência, num período que ficou conhecido como Guerra Fria. Havia um grande medo de outra guerra mais destrutiva que as anteriores nessa época, porém tal medo não impediu que ambos os lados expandissem seus arsenais nucleares e de tecnologias de  lançamento de mísseis e foguetes, sendo essa a principal propaganda de superioridade militar por parte dos EUA e URSS.

Durante a Segunda Guerra Mundial foram desenvolvidas diversas tecnologias armamentistas. Uma das principais, e com papel importante na chegada do homem à Lua, é o foguete V2 (primeiro míssil balístico da história) de criação alemã. Foi a partir dele que as primeiras fotos da Terra foram tiradas do espaço e que os EUA mandaram os primeiros seres vivos para fora da Terra, moscas que retornaram vivas. Mas o marco inicial da corrida espacial entre as duas potências foi o Ano Internacional da Geofísica, proposto pelo Conselho Internacional de Ciência que por sua vez foi criado para incentivar a cooperação científica e tecnológica entre os dois blocos. Tal conferência foi o estopim para que ambos buscassem mostrar a superioridade intelectual como propaganda de seu regime. Em 4 outubro daquele ano, Sputnik 1, uma esfera de 50 cm de raio, entrava para a história ao ser o primeiro satélite artificial soviético da Terra, tendo uma vida de 22 dias orbitando o nosso planeta, obtendo um grande papel no estudo das camadas mais altas da nossa atmosfera.

No decorrer deste período a ciência era utilizada para satisfazer necessidades armamentistas dos dois pólos, no sentido que se acreditava que a ciência era capaz de resolver todos os problemas se houvesse dinheiro suficiente. O programa Apollo tinha por objetivo levar o homem à Lua e trazê-lo de volta vivo, algo impensável na época.  Isso tornou-se possível graças à quantia investida pelos Estados Unidos: algo em torno de 23 bilhões de dólares (131,8 bilhões de dólares atualmente), que para à época significava 5,4 % de todos os gastos públicos do Governo dos EUA.

Mesmo com toda a importância científica da corrida espacial e os avanços tecnológicos que ela nos trouxe, o que predominou historicamente foi seu significado político. Vencer essa corrida era mais do que um modo de mostrar os avanços tecnológicos obtidos, mas como também mostrar o seu poder, sua soberania sobre outros países em meio a uma guerra ideológica. A nação vencedora não só evidenciaria o quão grande era em relação ao seu concorrente como também obteria o maior avanço militar, tudo através da ciência,  mostrando que a mesma, assim como qualquer criação humana, tem um viés político e determinante para o rumo da história. A corrida espacial nos mostra uma pequena dimensão de como é a ciência, de como ela escolhe lados e não consegue ser neutra, sendo também passível a erros e ainda difundir ideais bem como preconceitos.

Fontes:

http://www.astronautix.com
http://www.russianspaceweb.com/
https://youtu.be/hnwjSY5ly-Q
https://www.youtube.com/watch?v=urAy6BRsMTE&list=PLmdG16nP1q_4y004b5aTqb07bYxs7MWXR&index=6

Ass: Mateus Vinicius e Luan Pinheiro

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