Sistema Solar trafega em zona segura

segundo cientistas doIAG/USP.

Pesquisa aponta que o giro do Sol
acompanha, em velocidade, o giro dos
braços galácticos

Desde que foi observado que a Terra não é o centro do sistema solar, e que é ela que gira em torno do Sol e o mesmo se move no interior da galáxia, existe um grande interesse na exploração do universo. Junto as muitas descobertas, às dúvidas também surgiram. Além das indagações clássicas: Do que é feito o universo?; Há vida fora da Terra?; Como a vida começou?; A pergunta por que a vida no nosso planeta é possível não quis calar.

Sabe-se que o nosso sistema solar está posicionado entre dois braços espirais da Via Láctea espirais – imensas estruturas de matéria que se destacam pelo brilho e que concentram grande quantidade de estrelas jovens e luminosas – Sagittarius e Perseus. Recentemente uma pesquisa liderada por Jacques Lépine, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, mostrou que o Sol nunca cruza esses braços, impedindo eventos que poderiam aniquilar a vida terrestre. 

A Via Láctea, onde está o nosso sistema solar, é considerada uma galáxia que pode ser representada por uma estrutura em forma espiral em torno de um núcleo. Seu centro abriga um buraco negro supermassivo e ao seu redor estende-se o disco galáctico, formado por estrelas, nebulosas e poeira interestelar. É nessa parte que aparecem os braços espirais, sendo quatro principais (o braço de Perseus, Cygnus, Centauro e Sagittarius) e um quinto pequeno braço (de Orion Sol ou braço local), mais curto do que os outros.

Esses braços são regiões de maior densidade (com mais estrelas, gás e poeira) no disco da galáxia. Neles há muita formação estelar que libera raios cósmicos, tornando-os mais luminosos do que as outras regiões da Via Láctea.

Emitindo micro-ondas estimuladas por radiação, cientistas puderam calcular com precisão a distância entre os braços espirais e outros corpos que constituem a galáxia. Conseguiram concluir que o Sol tem a velocidade igual a qualquer outra estrela que está no braço, impossibilitando-o de fazer a travessia entre os braços.

É sabido desde 1953 que o sistema solar está localizado entre os Braços de Perseus e Sagittarius, nessa época as pesquisas diziam que o Sol atravessava pelos braços espirais, de tempos em tempos. As consequências dessa travessia, seria a interação com supernovas, fazendo com que houvesse eventos catastróficos que poderiam destruir o Sistema Solar e com ele a vida.

“Sempre se especulou sobre o que acontece cada vez que o Sol atravessa os braços, e se pensava que isso acontecia periodicamente, por exemplo, a cada 150 milhões de anos”, afirma Lépine. “Mas de acordo com os nossos cálculos isso não acontece nunca. ”

O professor ilustra o fenômeno, ao explicar que, se desenharmos uma espiral em um CD e o girarmos, notaremos que o desenho não se altera, acompanhando o giro do disco.“É como se fosse um prisioneiro que está se movendo depressa, mas que tem os muros de sua prisão se movendo na mesma velocidade”, explicou Lépine.

Além disso, Ronaldo Vieira co-autor do estudo que foi aceito para publicação no prestigioso The Astrophysical Journal afirma que, em cada uma das quatro regiões entre os braços da Via Láctea pode existir uma região com características iguais às do Braço Local.

Podemos afirmar com essa informação que há vida em outros planetas? Fica mais uma dúvida.

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