As práticas experimentais fazem parte do ensino e aprendizado das Ciências da Natureza. Por esse motivo, é comum que livros didáticos ou mesmo o professor, proponham o uso de experimentos a fim de facilitar o entendimento dos estudantes sobre certos conceitos ou fundamentos do assunto abordado em sala de aula. No entanto, tais atividades experimentais, por vezes, não tem propósitos bem estruturados, o que pode levar o aluno a apresentar dificuldades na compreensão da atividade realizada. A organização da atividade, com um objetivo experimental bem definido, não garante a compreensão plena do conteúdo, mas facilita os caminhos do aprendizado objetivado pelo experimento.
Nesse caso, o que deve ser considerado é que o experimento não siga um roteiro rígido que se preocupe apenas em como montar ou executar uma tarefa, mas que priorize situações que conduzam a discussões, promovendo o levantamento de hipóteses e construção de conclusões sobre o fenômeno estudado.
Os experimentos em sala de aula, como geralmente são propostos, seguem muitas vezes um roteiro comparável a uma receita de bolo, em que os resultados são previamente conhecidos. Esse tipo de experimento roteirizado tende a transmitir informações com pouco espaço para discussões em aula. Assim, o aluno assume um papel passivo e repetitivo, limitado a reproduzir e coletar dados de forma mecanizada. Nesse contexto não há espaço para que os alunos participem ativamente e pensem de forma independente desenvolvendo habilidades investigativas.
Em oposição a esses modelos roteirizados de práticas experimentais, há o ensino investigativo. Por se tratar de uma perspectiva de ensino construtivista, essa abordagem faz do educando a figura central do processo de aprendizagem. Ou seja, esse tipo de ensino requer a participação ativa do aluno com a mediação do professor. Goi e colaboradores (ano), no artigo “Experimentos Investigativos no Ensino de Ciências na formação de professores da Educação Básica” afirmam que os experimentos investigativos permitem que o aluno, por si só, reconheça os objetivos da atividade. Esse resultado favorece e enriquece muito o ensino e a aprendizagem do educando, pois estimula o seu pensamento crítico e criativo.
Nesse sentido, o professor durante a elaboração das atividades deve zelar para não sobrecarregar o aluno de responsabilidade durante a realização das mesmas. Com base nos trabalhos de Anna Maria Pessoa de Carvalho, o ensino por investigação apresenta vários graus de liberdade intelectual para o educando, em que quanto maior o grau, maior o nível de autonomia. No início, o professor ainda deve manter as responsabilidades para si na elaboração dos problemas, apresentação de hipóteses e planos de trabalho. Aos poucos, o educador passa o papel ativo dessas tarefas aos alunos, para que esses saibam lidar com os novos desafios e não fiquem totalmente perdidos sem saber qual direção seguir.
É interessante ressaltar que práticas demonstrativas também são válidas. O importante é que essas atividades sejam elaboradas com certo grau de caráter investigativo.Inclusive tais atividades podem ser úteis para a consolidação de conceitos previamente discutidos. Mesmo que o aluno esteja apenas assistindo ao experimento ele deve ser estimulado a pensar por conta própria. Após a realização dele devem ser propostas análises de dados não somente para confirmação de teorias mas também na construção dos saberes crítico-científico do aluno.
Portanto, é importante que o professor saiba como dialogar os níveis investigativos de acordo com a sequência de aprendizado da atividade proposta pelo experimento. Evitando assim, que o aluno assuma um papel totalmente passivo durante o processo de ensino experimental e que não esteja fora do alcance da competência desenvolvida em outros momentos da atividade. Somados a essas responsabilidades, os alunos poderão ter certa autonomia com um papel mais ativo na realização dos experimentos. Dessa forma, os caminhos que a atividade propõe enfatizam a contribuição do educador como mediador da construção horizontal do conhecimento e dos aprofundamentos abordados nesses modelos de aula. Garantindo assim, que propostas de ensino e ciência, na dinâmica do experimento, tenham seus objetivos cumpridos.
Assinado por: Otávio, Felipe, José Luiz e Julia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
EXPERIMENTOS INVESTIGATIVOS NO ENSINO DE CIÊNCIAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA: https://edeq.furg.br/images/arquivos/trabalhoscompletos/s09/ficha-149.pdf
ATIVIDADES EXPERIMENTAIS INVESTIGATIVAS – CAPÍTULO II: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4205687/mod_resource/content/2/texto-3.pdf
A ELETRICIDADE A PARTIR DO ENSINO POR INVESTIGAÇÃO: UMA EXPERIÊNCIA DIALÓGICA NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: https://fisica.ufmt.br/eenciojs/index.php/eenci/article/view/35
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO ENSINO POR INVESTIGAÇÃO: https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbpec/article/view/4852