É bastante comum ouvir dizer que “a física é difícil” e assumir isso como um fato. Quando ouvimos e dizemos essa frase, estamos nos referindo não à física em si, mas ao pensar fisicamente e ao estudo de física. Refletir sobre essa afirmação é importante para entender o porquê dela ser tão disseminada, e concluir se ela é verdadeira, falsa, ou carregada de concepções e preconceitos nas entrelinhas. Dito isso, vamos entender os principais argumentos usados para justificar a física ser difícil. Para tanto, baseamo-nos no capítulo 1 do livro TAL, cujo autor discutiu sobre esses argumentos a fim de desmistificar as diversas dimensões que a frase “a física é difícil” tem.
O primeiro argumento apresentado pelo autor em seu livro é a de que a dificuldade na aprendizagem em física encontra-se na aplicação dos conhecimentos físicos à solução de problemas práticos. Afinal, quais seriam os problemas práticos da física senão os próprios exemplos citados nos livros? As exemplificações desses exemplos não se aproximam a uma realidade prática coerente no dia a dia, trazendo dessa forma, uma dificuldade de assimilação pelo aluno no que pauta o conhecimento teórico. Isso implicaria dizer que os exemplos estão desatualizados ou tendo pouco efeito no sentido de idealizar os modelos traduzidos ou desenhados das questões.
A pergunta é, qual o melhor exemplo que traz aproximações simples de situações práticas voltadas ao ensino de física? Como conectar o conhecimento físico em situações fáceis de visualização? Precisamos avançar muito no esquema didático para responder a essas perguntas de forma mais assertiva e depois mensurar os resultados. No entanto, é evidente que exista uma necessidade das aulas de “laboratório” de física ou incentivo às aulas experimentais nas escolas, pois, dessa forma, é possível aproximar melhor o conhecimento teórico com o prático. Além disso, desenvolve habilidades motoras, criativas e de raciocínio no aluno.
Já que existe um desafio de adequar ou abstrair problemas práticos no ensino de física em detrimento do exercício empírico de fundamentos teóricos, as aulas experimentais têm por objetivo possibilitar ao aluno a intercomunicação da realidade laboratorial junto ao conhecimento teórico. Esse é um jeito útil de desenvolver o aprendizado e ao mesmo tempo desmistificar que o ensino de física é algo difícil ou muito abstrato
Há quem diga também que é possível se aprofundar nos conhecimentos descritivo e prático dos fenômenos físicos através da metodologia de ensino de física experimental. Esse argumento é normalmente apresentado em situações em que o aluno é posto em um laboratório para aprender procedimentos experimentais, aplicando conhecimento teórico, seguindo sempre um roteiro de experimento. No entanto, essa abordagem para o aprendizado em física é extremamente mecânica do ponto de vista do aluno, pois desestimula totalmente o senso de investigação e construção do conhecimento, uma vez que ele apenas precisa replicar o que foi previsto e detalhadamente estipulado pelo professor ao aluno.
Além do dilema entre prática e teoria, também se evidencia no ensino de física o dilema entre ensinar para a criação de uma física nova e ensinar o que as pessoas desenvolveram em física no passado. Geralmente se resumir ao primeiro ponto resulta em um tratamento bastante comum nas aulas de física: as descobertas físicas do passado (décadas ou séculos atrás) são expostas enfatizando as suas imprecisões e os acasos. Essa abordagem é uma forma de diminuir o desenvolvimento da física como ciência e colocar a física que conhecemos hoje em um patamar elevado em que tudo é certeiro e absoluto. Esse patamar distancia a física do aluno.